quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A voz do silêncio


Hoje estou completamente sem voz, afônica... isso resultou de uma dor de garganta de um dia... eu ainda não estava 100% e abusei... daí deu no que deu... Estou agoniada por estar sem voz, pois semana que vem começo os ensaios para a peça "Alvorada para a vida", estou bem animada e feliz com essa oportunidade de trabalho e não quero e não posso estar afônica. E em homenagem ao meu "silêncio forçado" e, espero breve silêncio, segue um poema muito bonito e verdadeiro sobre o silêncio.


Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!


Imediatamente me veio à cabeça situações

em que o silêncio me disse verdades terríveis,

pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.


Silêncios que falam sobre desinteresse,

esquecimento, recusas.


Quantas coisas são ditas na quietude,

depois de uma discussão.

O perdão não vem, nem um beijo,

nem uma gargalhada

para acabar com o clima de tensão.


Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,

pois ao menos as palavras que são ditas

indicam uma tentativa de entendimento.


Cordas vocais em funcionamento

articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos

que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.


Quantas vezes, numa discussão histérica,

ouvimos um dos dois gritar:

"Diz alguma coisa, mas não fica

aí parado me olhando!

"
É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.


É claro que há muitas situações

em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha

com uma britadeira na rua,

o silêncio é um bálsamo.

Para a professora de uma creche,

o silêncio é um presente.

Para os seguranças de um show de rock,

o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,

quando a relação é sólida e madura,

o silêncio a dois não incomoda,

pois é o silêncio da paz.


O único silêncio que perturba,

é aquele que fala.


E fala alto.


É quando ninguém bate à nossa porta,

não há emails na caixa de entrada

não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem


Martha Medeiros

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